sexta-feira, 12 de abril de 2013

Teysa Karlov (Um conto de Ravnica)

Eles já governaram por muito tempo.
 
The letter T!eysa sentou-se em sua cadeira favorita, feita de ébano Utvariano, e deixou o pensamento blasfemo durar em sua mente por um momento. Ela saboreou o sentimento que ele gerou em seu interior—uma mistura emocionante de sacrilégio e liberdade.
Art by Karla Ortiz
Certamente, haveria perigo a frente dela. O Obzedat havia dado a ela o título de grande enviada, mas Teysa sabia que isso servia para que eles mantivessem sempre o olho sobre ela—constantemente testando sua lealdade e  mantendo ela ocupada com infinitos "negócios oficiais." Teysa não era novata nesse jogo e ela sabia que ela não conseguiria ganhar muita influência no lado dos vivos antes de sentir os laços fantasmagóricos do Obzedat a puxando em direção ao seu domínio. E Teysa andou aumentando seu poder constantemente. E sentiu os laços sendo puxados já faz algum tempo.
Ela já agüentou demais desses velhos.
O Manifesto Geracional pelo Futuro dos Orzhov posava sobre sua mesa. O antigo tomo não juntou um grão de poeira desde seus dias com uma jovem advokista. Teysa já havia lido o livro do início ao fim diversas vezes, mas dessa vez ela o fez em um contexto diferente. As palavras tinham um sentido completamente diferente. Os olhos de Teysa estavam; ela já não era mais aquela jovem e ambiciosa advokista que havia entrado em um mundo implacável de poder e mentiras. Ultimamente, Teysa começou a começou a se ver como uma candidata em potencial para algo novo entre os Orzhov e isso encheu sua mente de idéias e uma convicção profunda. Ela queria estripar a guilda Orzhov e refazê-la em um  novo poder que Ravnica jamais viu.
Ela pegou o pesado livro e o abriu na frase mais recente que ainda ressoava em sua mente.
"Liberdade da conexão com as rudes moedas e as riquezas simples permite ao Obzedat perseguir poder verdadeiro e sagrado, sem vínculos com preocupações mundanas. Então por que eles perseguem o dinheiro com o mesmo fervor de sempre?"
—Anônimo
As palavras simples, porém ousadas eventualmente levaram o "Anônimo" a ser caçado e executado. Ninguém fora da elite dos Orzhov conhecia a história completa, mas aqueles que pertenciam às famílias Orzhov sabiam que o Anônimo era uma aristocrata chamada Tihana Jarik. Jarik era conhecida entre a elite Orzhov por falar contra o Obzedat. Primeiramente, isso foi considerado uma excentricidade do sangue Orzhov de Jarik, e seu nome de família a mantia segura até ela começar a publicar textos com críticas ao conselho fantasma. Essas publicações e sua renuncia em desistir a levaram a prisão, julgamento, e desintegração pública no Fórum de Orzhova.
Teysa gastou uma pequena fortuna em dinheiro e favores para uma fonte confiável nos Dimir para encontrar as raras e controversas escrituras de Jarik. Eles estavam na coleção de Teysa, mas muito bem escondida, sob chave e cadeado e diversas poderosas mágicas de proteção. Possuir as palavras de Jarik era ser culpada dos mesmos crimes pelos quais Jarik foi sentenciada a morte. Mas Teysa havia parado de se preocupar sobre o que o Obzedat poderia fazer a ela e começou a focar sua mente formidável em o que ela poderia fazer com ele.



O Labirinto.
Há poucos dias atrás, o Obzedat usou um anjo do pacto da morte para entregar uma mensagem. Um escriba aterrorizado leu a mensagem para Teysa dentro de um circulo de veracidade. Teysa ouviu com ao interesse de um gato observando um buraco de rato. O labirinto começou como um interesse passageiro para os Orzhov, outra obsessão Izzet a ser observada, mas não levada muito a sério. Teysa podia sentir que essa nova informação mudara o jogo. O Labirinto se tornou muito mais importante e era algo que o Obzedat não tinha nenhum plano. E ela sabia.
Maze’s End | Art by Cliff Childs
A maior fraqueza do Obzedat era que ele era composto de espíritos jogando um jogo de vivos—eles precisavam de alguém do outro lado do véu que eles pudessem confiar em assuntos de grande importância. Até agora, Teysa era a resposta relutante deles. Ela podia sentir a frustração deles ao terem que divulgar sua preocupação para Teysa com a com a tarefa de correr pelo labirinto e descobrir seu segredo ancestral. Seria poder desenfreado? Seria uma vasta fortuna? Daria controle total sobre Ravnica? Teysa sabia que o  Obzedat estava realmente preocupado com o que poderia acontecer; o labirinto estava fora de controle deles e o tempo estava passando. Teysa era a melhor aposta deles para resolver o segredo do labirinto. Agora ela estava no controle—ela tinha algo que eles queriam.
Ela foi até a sacada, ela não pôde segurar o sorriso de pura alegria com essa situação.
"Slubnik," Teysa chamou.
O thrull chiou e se curvou perante Teysa.
"Envie um mensageiro e traga o Mestre Tajic dos Boros ao meu estúdio."



Tajic sentou-se no estúdio de Teysa. O som da bengala de Teysa no chão de ladrilhos anunciava sua chegada. Quando ela entrou, o cavaleiro Boros se levantou e sorriu, seus dentes brancos parecer mais ferais em comparação com sua pele morena e seu cavanhaque negro. Ele ofereceu o braço e levou Teysa até a cadeira. Seus braços pareciam como aço.
Teysa podia afirmar que os olhos dele haviam captado todos os detalhes dos arredores. Ela conseguia sentir o intelecto de Tajic e também sentiu como ele radiava perigo. Apesar de Teysa ser tudo menos uma guerreira, e tinha certeza que Tajic poderia acabar com todos os guardas que estavam fora do estúdio e todos outros guardas da mansão se ele decidisse.
Teysa sinalizou para Tajic se sentar. "Eu vou direto ao ponto. Eu sei que você é um homem de palavra, Tajic, e integridade inquestionável é algo que eu valorizo acima de tudo—incluindo dinheiro, terras e até mesmo poder. Nós sabemos quue integridade é poder e aquilo que não tem integridade não tem poder."
Os olhos de Tajic brilharam. Ele gostava dessa aristocrata Orzhov; ela era uma lutadora e uma visionária. "Você sempre foi amiga dos Boros, Teysa Karlov, até mesmo quando nossos mestres de guilda não se olhavam olho no olho." O sotaque dele era forte e ele falava com uma certeza que, sem dúvida, irritava  seus elocutores na Academia Boros. "Seus esforços curar a Kuga Mot, restaurar Utvara, derrotar Zomaj Hauc, criar um novo Pacto das Guildas—todas essas ações falam sobre seu caráter. Eu sei que Ravnica não é apenas uma mercadoria para você."
Art by James Ryman
"Eu estou contente de que você não me vê com o cinismo costumeiro." Teysa provou seu chá. "A maioria não me concede a menor consideração, quanto mais considerar que eu realmente me preocupo com o bem-estar de nossa cidade sem pensar em lucro." Teysa olhou sobre a borda de sua xícara.
Tajic se inclinou em sua cadeira. "Eu sei que você aprecia a lei e o que ela representa para Ravnica. Foi por isso que eu aceitei seu chamado hoje." Ele retornou a posição inicial. "Eu tenho que ser honesto com você, Teysa Karlov, eu sempre admirei sua coragem de longe, mas agora que estou em sua presença, eu posso sentir o que faz de você uma grande líder." Tajic disse as palavras sem nenhum traço de dissimulação; Teysa sentiu suas bochechas rosarem.
"Você me honra, Sir." Ela bebeu mais um gole de chá.
"Eu sei o que inspira as pessoas," Tajic disse afirmando.
Houve uma longa pausa. Houve uma longa pausa. Os dois se sentaram em silêncio, bebendo chá, Tajic com uma expressão pétrea que não demonstrava nenhuma emoção e Teysa sentia que ele era o mais estranho comandante Boros que ela já havia encontrado. Ele era perfeito para a tarefa. Esse seria o homem que a ajudaria a alcançar seu objetivo.
Teysa inspirou, da mesma maneira que alguém inspira antes de abrir uma porta a qual não terá como retornar.
"Eu gostaria de formar uma aliança com você. Um tipo especial de aliança que requer compromisso e dedicação absoluta."
Tajic sorriu como se já esperasse a solicitação por todo o tempo. "Você quer que eu te ajude a correr no labirinto e roubar o prêmio das garras insaciáveis de Niv-Mizzet? O prazer é meu."
"Não," Teysa disse. "Eu que você me ajude a destruir o Obzedat."

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